Comumente criamos impressões das pessoas com quem interagimos de forma espontânea, automática, rápida, inconsciente e com mínimo esforço cognitivo, levando em consideração muitas vezes a primeira coisa que vemos nelas por mais que não seja uma característica importante para fazer o julgamento.
Realizar tal inferência tem a vantagem de rapidamente nos fornecer informações relevantes para saber como interagir e o que esperar das outras pessoas. Apesar da informação inicial servir como parâmetro para avaliar posteriores informações adicionais, a impressão pode ser radicalmente mudada.
Do ponto de vista evolutivo, foi uma característica extremamente adaptativa para a nossa espécie detectar rapidamente ameaças ou oportunidades proporcionadas por outras pessoas, tendo em vista seu grande valor reprodutivo. Evidência disso é o achado de um estudo em que participantes perceberam mais rapidamente e com precisão faces masculinas como bravas e faces femininas como felizes.
Muitos estudos indicam que essas impressões têm um importante impacto nas decisões que as pessoas tomam em importantes domínios como na escolha de parceiros sexuais, na política, nos negócios, na ciência forense e no exército. Mas até que ponto essas inferências são eficientes?
As primeiras impressões são muito precisas levando em consideração as poucas informações nas quais elas se baseiam. Porém a utilização das informações erradas aliadas a um pensamento enviesado pode ter consequências negativas em várias situações, como quando uma mulher pensa ter encontrado o amor de sua vida e ele na verdade só estar interessado em roubar o seu dinheiro.
Nós não temos consciência das reais causas dos nossos comportamentos. Nos enganamos muitas vezes na ilusão de compreender bem o que influência nossos comportamentos e o porque pensamos o que pensamos. Nisbett e Wilson (1977) chegam a afirmar que as pessoas tem pouco ou nenhum acesso aos seus processos cognitivos. Podemos ficar muito nervosos com alguém aparentemente sem reais motivos para tanta exaltação. Uma racionalização possível de um comportamento dessa natureza poderia se concretizar na frase: “mas ele fez por onde”, quando na verdade o ataque de nervosismo ocorreu devido um longo período sem se alimentar ou à irritação advinda da falta de sono na noite anterior.
Logo, podemos criar e comumente criamos uma impressão errônea de uma situação devido às nossas limitações perceptivas e cognitivas. Conhecer essas limitações é importante para não nos deixarmos levar pelas dicas mais óbvias da situação e tentar explicar o comportamento naquele momento além do que nós somos capazes, pois isso frequentemente nos levará a um erro.
(Fonte: scienceblogs)